quinta-feira, 11 de junho de 2009

Respeitável público...

Numa época em que as catástrofes ambientais são a grande preocupação mundial, é fácil introduzir aspectos positivos ao plantio e conservação das árvores. Podemos citar: purificação do ar pela fixação de poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos; melhoria do microclima da cidade, devido à retenção de umidade do solo e do ar e também pela geração de sombra, evitando que os raios solares incidam diretamente sobre as pessoas; redução do impacto das chuvas... Enfim, são ‘enes’ os benefícios trazidos pela preservação ambiental.
Em Assu, a poda de cinco árvores tem sido motivo de grande polêmica. O que vem gerando dúvidas e revolta na população é o ‘por que das podas dos pés de figo?’. Além de, aparentemente, as árvores terem sido podadas de forma errônea (elas foram, na verdade, raspadas) – e as escuras, literalmente, já que os cortes foram feitos na calada da noite - até agora não há explicação plausível para esse incidente. Mais uma vez – assim como em tantas outras questões administrativas – a responsabilidade de atos inconseqüentes como este, está no ‘empurra – empurra’ entre os órgãos competentes. Ao saber do ocorrido em minha cidade natal, resolvi pesquisar um pouco mais sobre o assunto, e fazendo algumas pesquisas na internet, encontrei que infelizmente todas as árvores nos logradouros públicos são propriedade pública e de responsabilidade do município, ou seja, a Prefeitura pode sim ter podado cinco árvores de Assu sem que fosse necessária uma autorização do IBAMA ou IDEMA. Bom, mas isso se estivéssemos tratando de simples podas e de simples árvores. Primeiramente, se tratam de árvores centenárias e exóticas. E segundo, o que aconteceu em Assu é chamado de ‘Poda Drástica’. Isso ocorre quando se remove toda a copa da árvore adulta, ficando apenas os ramos principais com menos de um metro; remove-se um ou mais ramos principais, o que resulta no desequilíbrio irreversível da árvore; remove-se toda a copa de árvores jovens e adultas, restando apenas o tronco. As podas drásticas são permitidas somente em situações de emergência, ou sob a recomendação técnica de um funcionário municipal autorizado.

fonte [da ilustração]: http://dovale.zip.net/

E AGORA? Será que as coisas mudam de figura? Até quando continuarão sem assumir a responsabilidade deste ato? O fato é que a Prefeitura, tendo esse direito ou não, deveria parar para ouvir a população e uma organização ambiental não governamental da cidade, o que poderia evitar polêmicas desnecessárias.
Segundo os comentários da população, as árvores foram ‘raspadas’ para satisfazer a empresa responsável pela a organização/montagem dos festejos juninos. Os boatos giram em torno do ‘posicionamento do palco’ e da ‘localização dos camarotes’. Vejam só, as árvores foram destruídas (é, parei de utilizar eufemismos) para deixar livre o campo de visão para quem estiver nos camarotes que deverão ser montados.
Outro absurdo.
Camarotes? Começou a Era das privatizações na Festa do Padroeiro da Cidade de Assu?
O São João sempre foi caracterizado como uma celebração de cunho popular, na qual todos participam de forma indiscriminada. Há muito tempo que algumas coisas em relação aos festejos vem me incomodando.
De início o incômodo resumia-se a questões de gastos exorbitantes. Nunca entendi o absurdo de dinheiro que é gasto com contratos de apenas bandas no auge do sucesso e nacionalmente conhecidas. Na verdade, entendo sim. A própria população – que sofre em massa de uma espécie de alienação – “exige” isso dos representantes. Entendo, mas não consigo aceitar a atitude dessa massa, a qual parece acreditar que está tudo indo maravilhosamente bem no Município desde que as atrações Juninas tenham a presença de “Forró do Muído, Aviões, Solteirões e companhia”.
- E antes que vocês achem que sou contra a festa de São João, não, não sou. Sei da sua importância religiosa, turística, política, comercial, de lazer... Mas um pouco de bom senso não faz mal a ninguém.
Agora, como se já não bastasse isso, surgem os camarotes e tapumes. Daqui a pouco surgirão os abadás e aí o “carnaval” fica completo.
Foram colocados tapumes (“blocos” de madeira) em frente às residências assuenses. Desrespeito. Desrespeito com os moradores que mantêm os costumes interioranos de sentar na calçada a noite e prosear com seus vizinhos e familiares. Desrespeito com os que, da própria calçada costumavam assistir à missa e prestigiar o festejo como um todo. Burrice. Burrice por bloquear a visão da parte histórica da cidade, dos casarões antigos – que, aliás, se fossem vistos por outro ângulo serviriam para enriquecer o turismo e a cultura do Município.


Vanessa Paula.