quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

'Pessoas inteligentes discutem idéias; pessoas ignorantes discutem pessoas.'

"Todas as pessoas aspiram por segurança e estão preocupadas com o problema da falta de segurança pública que se manifesta concretamente na violência, no trânsito, nos cárceres, no tráico de drogas, de armas e de pessoas, nas desigualdades sociais, na fome, na miséria, na corrupção e em muitas outras situações. Essa legítima preocupação deve nos remeter à reflexão sobre tal questão, buscando identificar suas dimensões e suas causas. (...)
Um passado de conflitos deixou heranças para a insegurança atual, marcada principalmente pela desconfiança diante das diferenças, desconfiança esta que gera medo e não contribui para a segurança. É importante também perceber que as diferenças raciais e culturais tornaram-se causa de desigualdades sociais e econômicas que resultaram em exclusão social e negação de direitos fundamentais, o que gera conflitos e provoca insegurança. Esta realidade é, muitas vezes, velada pelo manto da crença da passividade do povo brasileiro. Uma das principais marcas desse passado de conflito e violência encontra continuidade na matança de jovens pobres a que se assiste nas grandes cidades brasileiras ainda hoje, provocada tanto por disputas entre grupos rivais, muitas vezes envolvidos com o tráfico de entorpecentes e de armas, quanto pela postura arbitrária e violenta de milícias e outros grupos de extermínio, e até de policiais agindo com práticas rotineiras de execução. Uma outra marca desse passado de conflito diz respeito à realidade do mundo do trabalho. O antigo sistema colonial adotou, no Brasil, o trabalho escravo de negros e indígenas, o que negou o valor da pessoa humana e de seus direitos. Com o surgimento do Estado Nacional brasileiro, a escravidão continuou adotada pelo sistema produtivo e só foi legalmente proibida, em 1888, pela Lei Áurea. Porém, o trabalho escravo e semi-escravo, embora seja crime previsto em Lei, permanece no Brasil até os nossos dias, em pleno século XXI. Este fato levou o Ministério do Trabalho e Emprego a baixar a Portaria º 540, de 15 de outubro de 2004, criando o “Cadastro de empregadores que tenham mantido trabalhadores em condições análogas à de escravo”. O jornal O Globo, edição do dia 26 de julho de 2004, trazia como manchete de primeira página: “Ministério tira da escravidão mais 2.300 trabalhadores”. Na lista dos exploradores divulgada pelo Ministério, os “nomes de grandes empresas, fazendeiros e políticos”. Segundo o jornal, os “Novos senhores de escravos”. A escravidão contemporânea no Brasil se manifesta, muitas vezes, pela existência de uma dívida, contraída pelo trabalhador com gastos de transporte até o local do trabalho, compra de alimentos e ferramentas de trabalho, dívida que não pode ser paga nas condições que o próprio trabalho oferece. Esse problema nuncafoi enfrentado adequadamente pelos governos, que geralmente agem “de forma pontual, libertando escravizados, interceptando o tráfico de pessoas, multando empresas pela violação das leis trabalhistas, mas muito raramente utilizaram medidas de direito penal. O crime de desrespeito aos direitos humanos não foi coibido nem recebeu punição, mesmo nos casos em que houve violência física, tortura e homicídio”.
Retirado do "Texto Base" da Campanha da Fraternidade 2009.
É super válida, além de louvável e necessária, a abordagem da Igreja Católica a respeito do tema Segurança Pública/Violência. Sem querer exaltar qualquer religião, mas o povo brasileiro está mesmo precisando acordar pra certas realidades do nosso país.
A acomodação tomou conta da população. A violênca é tida, atualmente, como algo normal, casual. Nada parece assustar e/ou incomodar. As pessoas parecem preferir conviver desta maneira caótica à se manifestar/movimentar e mudar a situação na qual vivemos.
Esse tema merece ser melhor discutido pela sociedade como um todo, além de merecer uma maior reflexão sobre suas causas e consequências... A gente tem refletido muito pouco sobre as nossas atitudes e eu não posso (nem quero) me acostumar com isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário