segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Bicicletada em preto e branco

Por Vanessa Trigueiro

Fruto da insegurança vivida diariamente por quem utiliza a bicicleta como meio de transporte, a Bicicletada de outubro promoveu, na tarde do último domingo (25), um movimento in memorian ao cicloativista Oiran Iande. Os membros vestiram-se de branco protestando pela paz no trânsito e usaram acessórios pretos simbolizando o luto da ocasião.

Luto em homenagem ao cicloativista e apoio à campanha mundial dos 350 são as motivações da bicicletada de outubro. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

Luto em homenagem ao cicloativista e apoio à campanha mundial

dos 350 são as motivações da bicicletada de outubro.

(Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

O militante de causas sociais, que completaria 20 anos em novembro, foi atropelado na noite do dia 11 por um carro em alta velocidade quando voltava pedalando de Campina Grande, na BR 101 entre os municípios de São José de Mipibu e Parnamirim. Segundo testemunha, o motorista não prestou socorro à vítima, que sofreu traumatismo craniano e morreu minutos após ser levado para um hospital em Parnamirim por uma SAMU que passava pelo local do acidente.

“A morte é o apagar da lâmpada ao nascer do sol”, diz Franciso Iglesias, parceiro da Bicicletada e presidente da Associação Potiguar Amigos da Natureza (Aspoan), parafraseando Rabindranath Tagore. Além disso, Francisco fez uma breve explanação sobre as motivações do encontro de outubro e pediu um minuto de silêncio em homenagem ao ciclista que faleceu.

“Motivado a usar a bicicleta como transporte, Oiran estava num momento muito feliz e quem o conhecia sabe da figura pensante e atuante que ele era. Um jovem sempre determinado a fazer o bem da comunidade”, desabafa emocionada Gerlane Silva, mãe do homenageado.

Junto aos membros da bicicletada, Gerlane Silva planeja homenagem ao seu filho Oiran. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

Junto aos membros da bicicletada, Gerlane Silva planeja

homenagem ao seu filho Oiran. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

A Bicicletada do dia 25 teve ainda um cunho político em apoio à campanha mundial pela redução da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera para 350 partes por milhão – segundo cientistas, o número limite de CO2 para a segurança do planeta. Os ciclistas seguiram até o Presépio de Natal, em Candelária, e além do tradicional levante das bicicletas, disseminaram o caráter ativista do movimento diante do combate as alterações climáticas e aos danos ambientais.

Bicicletada reúne aproximadamente 60 ciclistas por mês. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

Bicicletada reúne aproximadamente 60 ciclistas por mês. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)


A Bicicletada

Pedalada pacífica que acontece em mais de 200 cidades ao redor do mundo, tendo como propósitos criar condições favoráveis para o uso da bicicleta e tornar os sistemas de transporte de pessoas mais ecológicos e sustentáveis.

Todo último domingo do mês, com concentração às 15h em frente ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), é realizada a Bicicletada Natal. O movimento é uma iniciativa civil, independente e não hierarquizada que promove a cidadania e o respeito mútuo entre motoristas, ciclistas e pedestres.

HTTP://WWW.FOTEC.UFRN.BR

domingo, 13 de setembro de 2009

1ª Conferência Livre de Comunicação

Aconteceu ontem, dia 12 de setembro de 2009, a Pró Conferência Livre de Comunicação do Rio Grande do Norte. Antecipando a Conferência Estadual e Nacional de Comunicação, um grupo de aproximadamente 60 pessoas – entre eles, estudantes, professores, sociólogos, líderes comunitários e sociais, comunicadores, etc. – discutiu no auditório da Universidade Potiguar (UnP) na Floriano Peixoto, a comunicação no Brasil e o papel do Estado quanto às emissoras de Rádio e Televisão.
O momento foi dividido em dois: pela manhã, a fase de debate e explanações; à tarde, o momento foi de construção de propostas, as quais serão levadas à Conferência Estadual que ocorrerá até novembro.
Na mesa, com a participação do professor João Emanuel, professor Hudson e Marcones Marinho – sob a mediação do professor Rui Rocha – foi discutido o monopólio nos meios de comunicação, a multiplicidade da mídia, as concessões públicas de rádio e TV, além de uma explanação histórica do surgimento dos meios comunicativos comerciais e assim, o nascimento dos rádiosdifusores.


Vanessa Paula.

terça-feira, 28 de julho de 2009

900 metros de futilidade!

900 metros de pura futilidade.
É! Durante uma volta de caminhada no Parque das Dunas, acompanhei a vida fútil de algumas mulheres. Poderia tê-las ultrapassado, mas preferi escutar 'nada' por cerca de 10 minutos. Nada que se possa tirar algum proveito, pelo menos.
Elas eram 5! Os assuntos foram diversos! Primeiro, viagens! Europa, claro! A partir daí entramos - entraram - num leque gigantesco.
Compras! Ela comprou uma roupa de uma grife francesa - da qual não me lembro, e mesmo que recordasse não me atreveria a tentar escrever por aqui. Paris é a cidade das compras. A empolgação foi tanta que ela não se deu o trabalho de provar aquele pedaço de pano que, provavelmente, custara mais da metade de um salário mínimo. O resultado, é, a roupa não entrou! Mas quem se importa? Foi - tão somente - uma pena não poder usar uma peça daquele estilista famoso.
Jóias! É necessidade um brinco de ouro. Um não - pardon (perdão) - dois! Não ter um par de brincos de ouro amarelo e outro de ouro branco é, sem dúvida, sair nua pelas ruas.
Carros! O do ano e completo, claro. Está humanamente impossível andar em Natal sem um ar condicionado.
Foi pesado. 900 metros de curiosidade, angústia e desgosto.
Naquela hora eu pensei, "pobre" dessas cinco criaturas. Parecem não ter sonhos e nem sequer conhecer a palavra 'agir'... o significado de ir atrás, batalhar.
Eu? Prefiro continuar com minha vidinha de roupas baratas, de caronas, de espera em paradas de ônibus e de pedalas por Natal a me ver assim, fútil, sem perspectivas, sem um futuro cheio de realizações.


Vanessa Paula.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

É impossível imaginar que um ‘personagem’ presente em sua infância vá se perder por um caminho sem volta. A admiração existia, assim como a identificação e o carinho. O que aconteceu com aquele menino que outrora me ensinava a ‘dá mortais’ e se divertia jogando bola? O que o fez seguir sem rumo? Não era fácil. Nunca foi! Mas certamente os destinos eram outros. Recompensadores, seria capaz de apostar.

Penso que tudo isso começou por um desejo de fuga... pela dificuldade de enfrentar situações adversas numa adolescência mal estruturada. E daí pra dependência, é um passo. A sensação de prazer foi enlouquecedora de tal maneira a ponto de transformar aquele menino/moleque num adulto precoce e inconseqüente. O envolvimento com tráfico e a prática de assaltos não demorou a acontecer, e as conseqüências disso são tamanhas, crescendo numa proporção assustadora... quando se percebe, não há mais como sair daquele mundinho fechado. Você é idolatrado e odiado na mesma intensidade e esses sentimentos se confundem... estão presente em um mesmo patamar, no mesmo instante.

A prisão não demorou a fazer parte do seu currículo. O sofrimento de uma mãe que passa por isso é desesperador, e sim, ela é capaz de tudo para tirá-lo dessa situação incômoda. Mesmo que não acredite, ela aposta todas as fichas na recuperação do filho. E não era mesmo para acreditar! Ele lutou, mas era tarde. As drogas entram na corrente sanguínea e atingem o cérebro alterando todo seu equilíbrio. ‘A volta’ já não fazia mais parte da sua vida.

Hoje, nem isso existe mais. Acabaram com a sua vida. Não... ele mesmo acabou!

O sentimento não é de revolta, nem de pena. Não me cabe julgar. Hoje, dia do amigo, quando recebi a notícia dos quatro disparos em sua direção e da morte prematura de um jovem de 21 anos, a única coisa que me ocorreu foi a ‘passagem de um filme’ e a descida de uma lágrima.


Mais uma vítima.

Da sociedade, da desigualdade e das drogas.

Fique em paz!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Respeitável público...

Numa época em que as catástrofes ambientais são a grande preocupação mundial, é fácil introduzir aspectos positivos ao plantio e conservação das árvores. Podemos citar: purificação do ar pela fixação de poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos; melhoria do microclima da cidade, devido à retenção de umidade do solo e do ar e também pela geração de sombra, evitando que os raios solares incidam diretamente sobre as pessoas; redução do impacto das chuvas... Enfim, são ‘enes’ os benefícios trazidos pela preservação ambiental.
Em Assu, a poda de cinco árvores tem sido motivo de grande polêmica. O que vem gerando dúvidas e revolta na população é o ‘por que das podas dos pés de figo?’. Além de, aparentemente, as árvores terem sido podadas de forma errônea (elas foram, na verdade, raspadas) – e as escuras, literalmente, já que os cortes foram feitos na calada da noite - até agora não há explicação plausível para esse incidente. Mais uma vez – assim como em tantas outras questões administrativas – a responsabilidade de atos inconseqüentes como este, está no ‘empurra – empurra’ entre os órgãos competentes. Ao saber do ocorrido em minha cidade natal, resolvi pesquisar um pouco mais sobre o assunto, e fazendo algumas pesquisas na internet, encontrei que infelizmente todas as árvores nos logradouros públicos são propriedade pública e de responsabilidade do município, ou seja, a Prefeitura pode sim ter podado cinco árvores de Assu sem que fosse necessária uma autorização do IBAMA ou IDEMA. Bom, mas isso se estivéssemos tratando de simples podas e de simples árvores. Primeiramente, se tratam de árvores centenárias e exóticas. E segundo, o que aconteceu em Assu é chamado de ‘Poda Drástica’. Isso ocorre quando se remove toda a copa da árvore adulta, ficando apenas os ramos principais com menos de um metro; remove-se um ou mais ramos principais, o que resulta no desequilíbrio irreversível da árvore; remove-se toda a copa de árvores jovens e adultas, restando apenas o tronco. As podas drásticas são permitidas somente em situações de emergência, ou sob a recomendação técnica de um funcionário municipal autorizado.

fonte [da ilustração]: http://dovale.zip.net/

E AGORA? Será que as coisas mudam de figura? Até quando continuarão sem assumir a responsabilidade deste ato? O fato é que a Prefeitura, tendo esse direito ou não, deveria parar para ouvir a população e uma organização ambiental não governamental da cidade, o que poderia evitar polêmicas desnecessárias.
Segundo os comentários da população, as árvores foram ‘raspadas’ para satisfazer a empresa responsável pela a organização/montagem dos festejos juninos. Os boatos giram em torno do ‘posicionamento do palco’ e da ‘localização dos camarotes’. Vejam só, as árvores foram destruídas (é, parei de utilizar eufemismos) para deixar livre o campo de visão para quem estiver nos camarotes que deverão ser montados.
Outro absurdo.
Camarotes? Começou a Era das privatizações na Festa do Padroeiro da Cidade de Assu?
O São João sempre foi caracterizado como uma celebração de cunho popular, na qual todos participam de forma indiscriminada. Há muito tempo que algumas coisas em relação aos festejos vem me incomodando.
De início o incômodo resumia-se a questões de gastos exorbitantes. Nunca entendi o absurdo de dinheiro que é gasto com contratos de apenas bandas no auge do sucesso e nacionalmente conhecidas. Na verdade, entendo sim. A própria população – que sofre em massa de uma espécie de alienação – “exige” isso dos representantes. Entendo, mas não consigo aceitar a atitude dessa massa, a qual parece acreditar que está tudo indo maravilhosamente bem no Município desde que as atrações Juninas tenham a presença de “Forró do Muído, Aviões, Solteirões e companhia”.
- E antes que vocês achem que sou contra a festa de São João, não, não sou. Sei da sua importância religiosa, turística, política, comercial, de lazer... Mas um pouco de bom senso não faz mal a ninguém.
Agora, como se já não bastasse isso, surgem os camarotes e tapumes. Daqui a pouco surgirão os abadás e aí o “carnaval” fica completo.
Foram colocados tapumes (“blocos” de madeira) em frente às residências assuenses. Desrespeito. Desrespeito com os moradores que mantêm os costumes interioranos de sentar na calçada a noite e prosear com seus vizinhos e familiares. Desrespeito com os que, da própria calçada costumavam assistir à missa e prestigiar o festejo como um todo. Burrice. Burrice por bloquear a visão da parte histórica da cidade, dos casarões antigos – que, aliás, se fossem vistos por outro ângulo serviriam para enriquecer o turismo e a cultura do Município.


Vanessa Paula.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Política(gem).

Se pesquisarmos em um dicionário o sentido literal da palavra ‘política’ encontraremos tais significados:
1- Ramo das ciências sociais que trata da organização e do governo dos Estados.
2 - Arte de regular/dirigir as relações entre os Estados.
3 - Princípios políticos; maneira hábil de agir.
No entanto, a política na prática, mostra-se muito mais sórdida e cheia de malícias do que a denotação que lhe é concedida.
A arte da política é de uma imundice tamanha. Chega a fazer asco a alguns. A mim, sinceramente, causa espanto, interesse, vontade de conhecer de perto e certa admiração aos que vivem nesse meio de perspicácia.

/iniciozinho de um desabafo que eu tô com preguiça de escrever da forma imparcial que merece ser escrito.. fica pra outra postagem. :D

sábado, 14 de março de 2009

Nordestina sim sinhô!

Hoje, dia da poesia, tive a oportunidade de assistir a um show de um dos maiores poetas da atualidade. Jessier Quirino, arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção!
Me peguei refletindo um pouco sobre a nossa cultura e sobre a nossa nordestinidade... A cultura popular deve levar o povo a tomar consciência de que a fome dá o direito de reivindcar comida - e entenda fome como quiser.. no seu sentido literal ou de forma metafórica.
Acho que cansei da parte hipócrita e medíocre da sociedade que me diz: "poxa, você é nordestina, tem obrigação de dar valor ao forró". Concordo! Temos mesmo que reconhecer o devido valor dos nossos ritmos nativos, mas até o momento no qual eles abrangem grandes nomes como Luis Gonzaga, Gonzaguinha, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro etc. Coco, forró, baião, xaxado, repente... isso merece, de fato, valorização.
Não me sinto menos nordestina por não ir a uma casa de show compartilhar algo que alguns teimam insistentemente em chamar de música. Não me venha dizer que bandas como Ferro na Boneca, Saia Rodada, Aviões, Solteirões e todos os demais 'ões' possíveis representam o nordestino... aah, e até descobri o nome de mais uma 'banda de forró' hoje pela manhã - "Forrozão tua mãe é minha boy"... e aí de uma coisa eu tive certeza... as pessoas podem ter perdido a admiração pelo que há de bom nessa nossa rica região, mas não perderam a criativade, né?!
Me sinto muito mais nordestina por ter ido ao Beco da Lama hoje, dia 14, assistir a shows de repentistas e a belíssima apresentação de Jessier. Me sinto muito mais nordestina por ir a Ribeira assistir a apresentações da cantora potiguar Krystal cantando Coco. Me sinto muito mais nordestina quando vou a um show de Dominguinhos. Me sinto mil vezes mais nordestina quando teimo em não incluir na minha lista de preferências musicais essa medíocridade que nos cerca.
- Apenas um desabafo!!!
Um motorista cangueiro e um jipe chêi de batata
Um balai de alpercata
Porca gorda no chiqueiro
Um camelô trambiqueiro
Aveloz, lagartixa, bode véio de barbicha
Bisaco de caçador, um vaqueiro aboiador
Um bodegueiro adormecido,
Isso é cagado e cuspido paisagem de interior.
Meninas na cirandinha
Um pula corda e um toca varredeira na fofoca
Uma saca de farinha, cacarejo da galinha
Novena no mês de maio,
Vira-lata e papagaio
Carroça de amolador fachada de toda cor
Um bruguelim desnutrido
Isso é cagado e cuspidopaisagem de interior.
(...)
Jessier Quirino.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Brincar de Pensar...

A arte de pensar sem riscos. Não fossem os caminhos da emoção a que leva o pensamento, pensar já teria sido catalogado como um dos modos de se divertir. Não se convidam amigos para o jogo por causa da cerimônia que se tem em pensar. O melhor modo é convidar apenas para uma visita e, como quem não quer nada, pensa-se junto, no disfarçado das palavras.
Isso, enquanto jogo leve. Pois para pensar fundo – que é o grau máximo do hobby – é preciso estar sozinho. Porque entregar-se a pensar é uma grande emoção, e só se tem coragem de pensar na frente de outrem quando a confiança é grande a ponto de não haver constrangimento em usar, se necessário, a palavra outrem. Além do mais exige-se muito de quem nos assiste pensar: que tenha um coração grande,amor, carinho, e a experiência de também se ter dado ao pensar. Exige-se tanto de quem houve as palavras e os silêncios – como se exigiria para sentir. Não, não é verdade. Para sentir exige-se mais.
Bom, mas, quanto a pensar como divertimento, a ausência de riscos o põe ao alcance de todos. Algum risco se tem, é claro. Brinca-se e pode-se sair de coração pesado. Mas de um modo geral, uma vez tomados os cuidados intuitivos, não tem perigo. Como hobby, apresenta a vantagem de ser por excelência transportável. Embora no seio do ar seja ainda melhor, segundo eu. Em certas horas da tarde, por exemplo, em que a casa cheia de luz mais parece esvaziada pela luz, enquanto acidade inteira estremece trabalhando e só nós trabalhamos em casa mas ninguém sabe – nessas horas em que a dignidade se refaria se tivéssemos uma oficina de consertos ou uma sala de costuras – nessas horas: pensa-se. Assim: começa-se do ponto exato em que se estiver, mesmo que não seja de tarde; só de noite é que não aconselho.
Uma vez, por exemplo – no tempo em que mandávamos roupa para lavar fora – eu estava fazendo o rol. Talvez por hábito de dar título ou por súbita vontade de ter caderno limpo como em escola, escrevi: rol de... e foi nesse instante que a vontade de não ser séria chegou. Este é o primeiro sinal do animus brincandi, em matéria de pensar – como – hobby. E escrevi esperta: rol de sentimentos. O que eu queria dizer com isto tive que deixar pra ver depois – outro sinal de se estar no caminho certo é o de não ficar aflita por não entender; a atitude deve ser: não se perde por esperar, não se perde por não entender.
Então comecei uma listinha de sentimentos dos quase não sei o nome. Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto – como se chama o que sinto? A saudade que se tem de pessoa de quem agente não gosta mais,essa mágoa e esse rancor – como se chama? Estar ocupada – e de repente parar por ter sido tomada por uma súbita desocupação desanuviadora e beata, como se uma luz de milagre tivesse entrado na sala: como se chama o que se sentiu?
Mas devo avisar. Às vezes começa-se a brincar de pensar, e eis que inesperadamente o brinquedo é que começa a brincar conosco. Não é bom. É apenas infrutífero.
Clarice Lispector.

segunda-feira, 9 de março de 2009

'Todo se transforma'

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.
Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
on aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.
Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

Jorge Drexler ♪

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O que da vida não se descreve...

"Eu me recordo daquele dia. O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja. Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final. Eu fiquei paralisado por um bom tempo, sem que nada fosse registrado no papel. Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja não podia ser traduzido para o universo das palavras. Era um sabor sem saber, como se o aprimorado do gosto não pertencesse ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas. Diante da página em branco eu visitava minhas lembranças felizes, quando na mais tenra infância eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, trazendo na garupa um imenso saco de laranjas. A cena era tão concreta dentro de mim, que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico e nuanças alaranjadas. A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso; alegrias alojadas em gomos caudalosos, abraçados como se fossem grandes amigos, filhos gerados em movimento único de nascer. Tudo era meu; tudo já era sabido, porque já sentido. Mas como transpor esta distância entre o que sei, porque senti, para o que ainda não sei dizer do que já senti? Como falar do sabor da laranja, mas sem com ele ser injusto, tornando-o menor, esmagando-o, reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura? Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. 'Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!' Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser...O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias? Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície. Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas. Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve... "
[Autor: Pe. Fábio de Melo]

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

'Pessoas inteligentes discutem idéias; pessoas ignorantes discutem pessoas.'

"Todas as pessoas aspiram por segurança e estão preocupadas com o problema da falta de segurança pública que se manifesta concretamente na violência, no trânsito, nos cárceres, no tráico de drogas, de armas e de pessoas, nas desigualdades sociais, na fome, na miséria, na corrupção e em muitas outras situações. Essa legítima preocupação deve nos remeter à reflexão sobre tal questão, buscando identificar suas dimensões e suas causas. (...)
Um passado de conflitos deixou heranças para a insegurança atual, marcada principalmente pela desconfiança diante das diferenças, desconfiança esta que gera medo e não contribui para a segurança. É importante também perceber que as diferenças raciais e culturais tornaram-se causa de desigualdades sociais e econômicas que resultaram em exclusão social e negação de direitos fundamentais, o que gera conflitos e provoca insegurança. Esta realidade é, muitas vezes, velada pelo manto da crença da passividade do povo brasileiro. Uma das principais marcas desse passado de conflito e violência encontra continuidade na matança de jovens pobres a que se assiste nas grandes cidades brasileiras ainda hoje, provocada tanto por disputas entre grupos rivais, muitas vezes envolvidos com o tráfico de entorpecentes e de armas, quanto pela postura arbitrária e violenta de milícias e outros grupos de extermínio, e até de policiais agindo com práticas rotineiras de execução. Uma outra marca desse passado de conflito diz respeito à realidade do mundo do trabalho. O antigo sistema colonial adotou, no Brasil, o trabalho escravo de negros e indígenas, o que negou o valor da pessoa humana e de seus direitos. Com o surgimento do Estado Nacional brasileiro, a escravidão continuou adotada pelo sistema produtivo e só foi legalmente proibida, em 1888, pela Lei Áurea. Porém, o trabalho escravo e semi-escravo, embora seja crime previsto em Lei, permanece no Brasil até os nossos dias, em pleno século XXI. Este fato levou o Ministério do Trabalho e Emprego a baixar a Portaria º 540, de 15 de outubro de 2004, criando o “Cadastro de empregadores que tenham mantido trabalhadores em condições análogas à de escravo”. O jornal O Globo, edição do dia 26 de julho de 2004, trazia como manchete de primeira página: “Ministério tira da escravidão mais 2.300 trabalhadores”. Na lista dos exploradores divulgada pelo Ministério, os “nomes de grandes empresas, fazendeiros e políticos”. Segundo o jornal, os “Novos senhores de escravos”. A escravidão contemporânea no Brasil se manifesta, muitas vezes, pela existência de uma dívida, contraída pelo trabalhador com gastos de transporte até o local do trabalho, compra de alimentos e ferramentas de trabalho, dívida que não pode ser paga nas condições que o próprio trabalho oferece. Esse problema nuncafoi enfrentado adequadamente pelos governos, que geralmente agem “de forma pontual, libertando escravizados, interceptando o tráfico de pessoas, multando empresas pela violação das leis trabalhistas, mas muito raramente utilizaram medidas de direito penal. O crime de desrespeito aos direitos humanos não foi coibido nem recebeu punição, mesmo nos casos em que houve violência física, tortura e homicídio”.
Retirado do "Texto Base" da Campanha da Fraternidade 2009.
É super válida, além de louvável e necessária, a abordagem da Igreja Católica a respeito do tema Segurança Pública/Violência. Sem querer exaltar qualquer religião, mas o povo brasileiro está mesmo precisando acordar pra certas realidades do nosso país.
A acomodação tomou conta da população. A violênca é tida, atualmente, como algo normal, casual. Nada parece assustar e/ou incomodar. As pessoas parecem preferir conviver desta maneira caótica à se manifestar/movimentar e mudar a situação na qual vivemos.
Esse tema merece ser melhor discutido pela sociedade como um todo, além de merecer uma maior reflexão sobre suas causas e consequências... A gente tem refletido muito pouco sobre as nossas atitudes e eu não posso (nem quero) me acostumar com isso!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ao Chico,

"Parceiro de euforias e desventuras, amigo de todos os segundos, generosidade sistemática, silêncios eloqüentes, palavras cirúrgicas, humor afiado, serenas firmezas, traquinas, as notas na polpa dos dedos, o verbo vadiando na ponta da língua - tudo à flor do coração, em carne viva... Cavalo de sambistas, alquimistas, menestréis, mundanas, olhos roucos, suspiros nômades, a alma à deriva, Chico Buarque não existe, é uma ficção - saibam.Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção."

Ruy Guerra, cineasta e escritor, outubro de 1998.

Quem brinca com palavras com tamanha maestria não pode ser assim, tão real.

"Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado"


Chico, 'Deus lhe pague'.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Flores na Calçada

Primavera que se foi, deixando o perfume
Ruas desertas. O dia amanhece.
Já é claro. As horas passam.
O sol chega e brilha, por você.
As janelas se abrem devagar...
A vida começa, de novo.
Os bancos na praça são ocupados
Pessoas que caminham no tempo.
Esquinas de encontros e de vidas.
E assim...
Vento que sopra e espalha as pétalas,
Dissipa docemente o aroma do que passou.
Restando a sensação que basta, sozinha.
Noites de estações passadas que encerram desejos, sonhos, alegrias...
Verão de conclusões e de conhecimento.
Inverno de saudades do momento até que fora ausente.
Primavera de risos alegres, altos.
Outono de olhares secretos, sussurados...
Flores na Calçada...
Bosque de caminhos estreitos, lugar encantado que você descobriu.
Vontade de partir por não saber agir...
Ausência de gente, que faz minha história.
Sentimento que se faz puro e límpido.
Ser que me faz feliz,
Enxergando,
Flores na Calçada.


[ autor desconhecido ]

domingo, 8 de fevereiro de 2009

- senti toda a vibração de um reggaepower

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sintoma: de entrega... ou de alívio.

um suspiro.
talvez o necessário pra deixar tudo em 'pratos limpos.
as vezes, mais forte do que qualquer palavra gritada.
uma boa dose de carinho e atenção.


" (...) e Liesel se agachou na sarjeta e chorou. Tudo levava àquilo.
Rudy ficou parado junto dela.
Começou a chover, uma chuva muito forte.
Kurt Steiner chamou, mas nenhum dos dois se mexeu. Uma estava sofridamente sentada, em meio às bateladas de chuva que caíam, e o outro se postava de pé, a seu lado, esperando.
(...) Quando ela enfim terminou e se levantou, o menino pôs o braço em seus ombros, no melhor estilo melhor amigo, e os dois seguiram caminho. "

domingo, 25 de janeiro de 2009

O mundo tem uma enorme dívida com a África,

Assunto: Etiópia.
População
Não há na Etiópia um tipo racial único, pois sua população resulta de uma mescla de grupos de diversas origens, distintos entre si no tocante à língua, à religião e à cultura. O grupo mais numeroso é o dos amhara, seguido pelo gala, tigré, afar, somali e agew. As línguas também são múltiplas - nilótico, tigré, somali, árabe - embora a língua oficial seja o amárico. Fala-se também inglês e italiano. Nas décadas de 1970 e 1980, a Etiópia apresentou elevada taxa de natalidade, embora o crescimento da população tenha sido freado pelos altos índices de mortalidade, um dos maiores do mundo. Esses fatores determinam uma população muito jovem. A esse fato se somou a emigração de grandes contingentes da população etíope para o Djibuti, entre meados da década de 1970 e o princípio da década de 1980, devido aos constantes conflitos internos. Durante esse período, a Etiópia era o terceiro país africano em número de habitantes. A população etíope é eminentemente rural, habita sobretudo os planaltos e se dedica às atividades agrícolas. Um importante segmento ocupa-se da pecuária e tem vida nômade.


Sociedade e cultura
O predomínio da agricultura de subsistência, o subdesenvolvimento, a precária infra-estrutura, as exportações pouco diversificadas e a ausência de capital nacional são fatores de pauperismo no país. Além do subdesenvolvimento, o flagelo da seca e os permanentes conflitos internos, em particular os movimentos separatistas, e externos, como os que ocorrem na fronteira com a Somália, dizimam e consomem a população etíope. O sistema de saneamento básico é restrito às grandes cidades, apesar dos esforços para melhorar as condições de salubridade das zonas rurais. Um dos grandes problemas enfrentados pelas autoridades sanitárias etíopes é a resistência da população aos modernos métodos de saneamento. As práticas curandeiristas, os parcos hábitos de higiene e a escassez de água potável contribuem para a propagação de doenças tropicais e contagiosas.


[1984]
Em 1984, a colheita parecia vir a ser muito pobre. Não tivesse havido a habitual 'Primavera, chuvas e doenças teriam destruído as culturas em sidamo, região da Etiópia. Em Março, o Governo etíope advertiu que 5 milhões de pessoas estavam em 'risco de fome', pois o país poderia produzir apenas 6,2 milhões de toneladas de grãos por ano, 1 milhão menos que o necessário.
Até o verão, dezenas de milhares de etíopes foram morrendo de fome e doenças relacionadas. Agências de Ajuda Humanitária disseram que seis milhões de pessoas estavam em risco. Mas os governos ocidentais se mostraram relutantes em se envolver. A Etiópia tinha sido um estado marxista desde a queda do Imperador Haile Selassie, em Setembro de 1974. O Ocidente temia ajudar a suportar os custos da seca enquanto que o governo militar de Mengistu Haile Mariam gastava dinheiro comprando armas, fomentando um regime marxista-leninista. Como se não bastasse a miséria e os castigos naturais, o dilema da Etiópia era complicado por 20 anos de guerra civil em províncias do norte da Eritréia e Tigre.
Em Outubro de 1984 o número de mortos na Etiópia foi estimado em 200.000. Diplomatas ocidentais estipulavam que 900.000 pessoas morreriam até o final do ano, independentemente do nível de ajuda. Comovidos pelo drama africano, em dezembro, o 'público' ocidental havia doado mais de £ 100m, mas o governo etíope, acelerando a sua guerra interna e contínua, desviava os suprimentos enviados como ajuda para suas tropas. (...)


[versão traduzida e adaptada de: http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/africa/703958.stm]
[21.05.08]
Em um comunicado divulgado ontem, o Unicef, a agência das Nações Unidas encarregada da infância, estimou que 126 mil crianças etíopes precisem de comida e tratamento médico com urgência, por causa da grave desnutrição. A atual situação foi qualificada como "a pior desde a grande crise humanitária de 2003". Na época, a seca fez com que 13,2 milhões de pessoas procurassem ajuda para se alimentar.Segundo o Programa Mundial de Alimentação (PMA) das Nações Unidas, 2,7 milhões de etíopes necessitarão de auxílio em comida por causa da falta de chuva - o número é quase o dobro daqueles que dependiam dessa ajuda no ano passado. Outros 5 milhões dos 80 milhões de habitantes do país recebem ajuda todos os anos, pois não têm comida suficiente, sejam as colheitas boas ou ruins.
Não se sabe quantas crianças morreram. ONGs e funcionários da área de saúde afirmam que entre 10% e quase 20% delas estão subnutridas, sendo 15% em situação crônica.O tema ganhou notoriedade em 1984, quando a fome matou cerca de 1 milhão de etíopes. Comparada à dos anos 80, a crise atual é menor, mas ainda gravíssima.


Indicação de filme: "Amor Sem Fronteiras"

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Valor da Amizade.

Às vezes nos encontramos preocupados, ansiosos, em volta há situações complicadas,
nos sentindo meio que perdidos, mas somente o fato de conversarmos com um amigo,
desabafando o que nos está no íntimo, já nos sentimos melhor, mesmo que as coisas
permaneçam inalteradas.
Quantas vezes são os amigos que nos fazem sorri quando tínhamos vontade de chorar,
mas a sua simples presença traz de volta o sol a brilhar em nossa vida.
A simplicidade das brincadeiras pueris, da conversa informal, momentos de descontração que muitas vezes pode ser numa conversa rápida ao telefone, no vai e vem do dia ou da noite, no ambiente de trabalho ou de escola, enfim, em qualquer lugar a qualquer hora.
Entretanto, não existe só alegria, amor, felicidade nesta relação que como em qualquer outro relacionamento, passa por crises passageiras, por momentos intempestivos, abalos ocasionais.
Ainda que tenhamos muito carinho pelo amigo em questão, às vezes por insegurança, por ciúme,
por estarmos emocionalmente alterados ou nos sentindo pressionados, acabamos sendo injustos com ele e isso pode ser recíproco.
Podemos comparar esse elo de amizade ao tempo que passa por alterações climáticas constantemente, mas é dessa forma que aprendemos a nos conhecer, compartilhar momentos, que se desenvolve uma amizade.
Diante do amigo somos nós mesmos, deixamos vir à tona nossos pensamentos a respeito das coisas, da vida, nos mostramos como verdadeiramente somos.
Há amigos que nos ensinam muito, nos fazem enxergar situações que às vezes não percebemos o seu real sentido, compartilham a sua experiência conosco, nos falam usando da verdade que buscamos encontrar.
São eles também que nos chamam a razão, chamando a nossa atenção quando agimos de modo contraditório, que nos dizem coisas que não queremos ouvir, aceitar, compreender.
Ao longo de nossa vida muitos amigos passam por ela e nos deixam saudade, mas também deixam recordação de tudo que foi vivido.
É na amizade verdadeira que encontramos sinceridade, lealdade, afinidade, cumplicidade, simplicidade, fraternidade.
Amigos são irmãos que a vida nos deu para caminhar conosco ao longo da nossa jornada espiritual,
Extrapolando os limites do tempo, continuando quando e onde Deus assim o permitir.

[Sandra Quevedo Demarchi Nogueira]

domingo, 18 de janeiro de 2009


Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhose abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecemem seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.

- Clarice Lispector.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

- qual o poder do SEU voto?

“De, mais ou menos, uns dez anos para cá, nos meses que antecedem as eleições, saio às ruas e ouço, em toda parte, sempre a mesma cantilena raivosa: “Que droga, as eleições estão chegando. Lá vou eu ter de votar de novo. Por que somos forçados a votar se os candidatos são os mesmos pilantras e malandros de sempre, que só querem roubar, fazer politicagem, empregar parentes, etc.?”. A revolta que alimenta frases assim não nasceu por obra do acaso. É o resultado óbvio da profunda desilusão que a política brasileira trouxe ao povo nas últimas décadas. Com a redemocratização do Brasil, nos anos oitenta, acreditava-se que a temporada de trevas e atraso ficara para trás e que o país, finalmente, encontraria sua rota de desenvolvimento, liberdade e ética. Não foi bem o que aconteceu e o que vemos hoje é uma nação sufocada por problemas que se arrasta, tropeçando na própria letargia e nos vícios políticos, ideológicos e burocráticos, que parecem perpétuos e incuráveis.” (...)

A minha pergunta é: se o voto é tão importante, por que, então, queremos abrir mão dele? Não podemos nos esquecer de que há trinta anos, pessoas morreram e desapareceram neste país, lutando para que pudéssemos votar, numa época em que esse direito nos havia sido seqüestrado pela repressão. O voto é uma conquista extraordinária e, ao contrário daqueles que reclamam das eleições e vão às urnas com o semblante contrafeito, acredito que num país como o Brasil, ele deve continuar sendo obrigatório pelo menos por enquanto. Isso porque não atingimos ainda um grau de desenvolvimento social e humano que nos permita adotar o voto facultativo, comum nas nações desenvolvidas. Caso ele fosse implantado, a democracia e a representatividade poderiam sair seriamente abaladas e teríamos uma acelerada deterioração do ambiente político. Afinal, apesar de estarmos no século XXI e de inegáveis avanços terem acontecido nos últimos anos, é sabido que no Brasil ainda são comuns os chamados currais eleitorais e práticas espúrias como o voto de cabresto e que a maior parte do povo não tem acesso suficiente à informação e nem tampouco a capacidade de processá-la, para saber quem é quem de fato no cenário eleitoral e as suas reais intenções. Caso o voto se tornasse facultativo, a parcela mais revoltada da população – ou seja, a classe média esclarecida e informada, que assiste estupefata ao desenrolar dos acontecimentos nos bastidores do poder e do sistema partidário – desiludida com a classe política e incrédula quanto aos rumos do país, deixaria automaticamente de votar, inclusive fazendo desta decisão um ato de protesto, ainda que com resultados nulos. Ao mesmo tempo, as massas, manipuladas (e muitas vezes compradas) por políticos populistas e oportunistas, compareceriam em peso às urnas e os resultados dos pleitos seriam ainda mais desastrosos do que vêm sendo.A verdade é que somente quando tivermos reduzido a desigualdade cultural do povo e nivelado as pessoas por cima na sua capacidade de pensar e refletir é que poderemos nos dar o luxo de flexibilizar o sistema eleitoral, dando às pessoas o poder de escolha sobre votar ou não. Se queremos nos igualar aos países europeus em matéria de voto, que primeiro busquemos essa igualdade no plano sócio-cultural. Até lá, que o voto continue obrigatório. E que possamos, cada vez mais, celebrar a democracia em nosso país e lutar para que ela não seja mais interrompida, relembrando sempre as lições que o passado nos legou.

Vanessa Paula, [05.out.2008]