domingo, 25 de janeiro de 2009

O mundo tem uma enorme dívida com a África,

Assunto: Etiópia.
População
Não há na Etiópia um tipo racial único, pois sua população resulta de uma mescla de grupos de diversas origens, distintos entre si no tocante à língua, à religião e à cultura. O grupo mais numeroso é o dos amhara, seguido pelo gala, tigré, afar, somali e agew. As línguas também são múltiplas - nilótico, tigré, somali, árabe - embora a língua oficial seja o amárico. Fala-se também inglês e italiano. Nas décadas de 1970 e 1980, a Etiópia apresentou elevada taxa de natalidade, embora o crescimento da população tenha sido freado pelos altos índices de mortalidade, um dos maiores do mundo. Esses fatores determinam uma população muito jovem. A esse fato se somou a emigração de grandes contingentes da população etíope para o Djibuti, entre meados da década de 1970 e o princípio da década de 1980, devido aos constantes conflitos internos. Durante esse período, a Etiópia era o terceiro país africano em número de habitantes. A população etíope é eminentemente rural, habita sobretudo os planaltos e se dedica às atividades agrícolas. Um importante segmento ocupa-se da pecuária e tem vida nômade.


Sociedade e cultura
O predomínio da agricultura de subsistência, o subdesenvolvimento, a precária infra-estrutura, as exportações pouco diversificadas e a ausência de capital nacional são fatores de pauperismo no país. Além do subdesenvolvimento, o flagelo da seca e os permanentes conflitos internos, em particular os movimentos separatistas, e externos, como os que ocorrem na fronteira com a Somália, dizimam e consomem a população etíope. O sistema de saneamento básico é restrito às grandes cidades, apesar dos esforços para melhorar as condições de salubridade das zonas rurais. Um dos grandes problemas enfrentados pelas autoridades sanitárias etíopes é a resistência da população aos modernos métodos de saneamento. As práticas curandeiristas, os parcos hábitos de higiene e a escassez de água potável contribuem para a propagação de doenças tropicais e contagiosas.


[1984]
Em 1984, a colheita parecia vir a ser muito pobre. Não tivesse havido a habitual 'Primavera, chuvas e doenças teriam destruído as culturas em sidamo, região da Etiópia. Em Março, o Governo etíope advertiu que 5 milhões de pessoas estavam em 'risco de fome', pois o país poderia produzir apenas 6,2 milhões de toneladas de grãos por ano, 1 milhão menos que o necessário.
Até o verão, dezenas de milhares de etíopes foram morrendo de fome e doenças relacionadas. Agências de Ajuda Humanitária disseram que seis milhões de pessoas estavam em risco. Mas os governos ocidentais se mostraram relutantes em se envolver. A Etiópia tinha sido um estado marxista desde a queda do Imperador Haile Selassie, em Setembro de 1974. O Ocidente temia ajudar a suportar os custos da seca enquanto que o governo militar de Mengistu Haile Mariam gastava dinheiro comprando armas, fomentando um regime marxista-leninista. Como se não bastasse a miséria e os castigos naturais, o dilema da Etiópia era complicado por 20 anos de guerra civil em províncias do norte da Eritréia e Tigre.
Em Outubro de 1984 o número de mortos na Etiópia foi estimado em 200.000. Diplomatas ocidentais estipulavam que 900.000 pessoas morreriam até o final do ano, independentemente do nível de ajuda. Comovidos pelo drama africano, em dezembro, o 'público' ocidental havia doado mais de £ 100m, mas o governo etíope, acelerando a sua guerra interna e contínua, desviava os suprimentos enviados como ajuda para suas tropas. (...)


[versão traduzida e adaptada de: http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/africa/703958.stm]
[21.05.08]
Em um comunicado divulgado ontem, o Unicef, a agência das Nações Unidas encarregada da infância, estimou que 126 mil crianças etíopes precisem de comida e tratamento médico com urgência, por causa da grave desnutrição. A atual situação foi qualificada como "a pior desde a grande crise humanitária de 2003". Na época, a seca fez com que 13,2 milhões de pessoas procurassem ajuda para se alimentar.Segundo o Programa Mundial de Alimentação (PMA) das Nações Unidas, 2,7 milhões de etíopes necessitarão de auxílio em comida por causa da falta de chuva - o número é quase o dobro daqueles que dependiam dessa ajuda no ano passado. Outros 5 milhões dos 80 milhões de habitantes do país recebem ajuda todos os anos, pois não têm comida suficiente, sejam as colheitas boas ou ruins.
Não se sabe quantas crianças morreram. ONGs e funcionários da área de saúde afirmam que entre 10% e quase 20% delas estão subnutridas, sendo 15% em situação crônica.O tema ganhou notoriedade em 1984, quando a fome matou cerca de 1 milhão de etíopes. Comparada à dos anos 80, a crise atual é menor, mas ainda gravíssima.


Indicação de filme: "Amor Sem Fronteiras"

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