segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Bicicletada em preto e branco

Por Vanessa Trigueiro

Fruto da insegurança vivida diariamente por quem utiliza a bicicleta como meio de transporte, a Bicicletada de outubro promoveu, na tarde do último domingo (25), um movimento in memorian ao cicloativista Oiran Iande. Os membros vestiram-se de branco protestando pela paz no trânsito e usaram acessórios pretos simbolizando o luto da ocasião.

Luto em homenagem ao cicloativista e apoio à campanha mundial dos 350 são as motivações da bicicletada de outubro. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

Luto em homenagem ao cicloativista e apoio à campanha mundial

dos 350 são as motivações da bicicletada de outubro.

(Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

O militante de causas sociais, que completaria 20 anos em novembro, foi atropelado na noite do dia 11 por um carro em alta velocidade quando voltava pedalando de Campina Grande, na BR 101 entre os municípios de São José de Mipibu e Parnamirim. Segundo testemunha, o motorista não prestou socorro à vítima, que sofreu traumatismo craniano e morreu minutos após ser levado para um hospital em Parnamirim por uma SAMU que passava pelo local do acidente.

“A morte é o apagar da lâmpada ao nascer do sol”, diz Franciso Iglesias, parceiro da Bicicletada e presidente da Associação Potiguar Amigos da Natureza (Aspoan), parafraseando Rabindranath Tagore. Além disso, Francisco fez uma breve explanação sobre as motivações do encontro de outubro e pediu um minuto de silêncio em homenagem ao ciclista que faleceu.

“Motivado a usar a bicicleta como transporte, Oiran estava num momento muito feliz e quem o conhecia sabe da figura pensante e atuante que ele era. Um jovem sempre determinado a fazer o bem da comunidade”, desabafa emocionada Gerlane Silva, mãe do homenageado.

Junto aos membros da bicicletada, Gerlane Silva planeja homenagem ao seu filho Oiran. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

Junto aos membros da bicicletada, Gerlane Silva planeja

homenagem ao seu filho Oiran. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

A Bicicletada do dia 25 teve ainda um cunho político em apoio à campanha mundial pela redução da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera para 350 partes por milhão – segundo cientistas, o número limite de CO2 para a segurança do planeta. Os ciclistas seguiram até o Presépio de Natal, em Candelária, e além do tradicional levante das bicicletas, disseminaram o caráter ativista do movimento diante do combate as alterações climáticas e aos danos ambientais.

Bicicletada reúne aproximadamente 60 ciclistas por mês. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)

Bicicletada reúne aproximadamente 60 ciclistas por mês. (Foto: Vanessa Trigueiro/Fotec)


A Bicicletada

Pedalada pacífica que acontece em mais de 200 cidades ao redor do mundo, tendo como propósitos criar condições favoráveis para o uso da bicicleta e tornar os sistemas de transporte de pessoas mais ecológicos e sustentáveis.

Todo último domingo do mês, com concentração às 15h em frente ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), é realizada a Bicicletada Natal. O movimento é uma iniciativa civil, independente e não hierarquizada que promove a cidadania e o respeito mútuo entre motoristas, ciclistas e pedestres.

HTTP://WWW.FOTEC.UFRN.BR

domingo, 13 de setembro de 2009

1ª Conferência Livre de Comunicação

Aconteceu ontem, dia 12 de setembro de 2009, a Pró Conferência Livre de Comunicação do Rio Grande do Norte. Antecipando a Conferência Estadual e Nacional de Comunicação, um grupo de aproximadamente 60 pessoas – entre eles, estudantes, professores, sociólogos, líderes comunitários e sociais, comunicadores, etc. – discutiu no auditório da Universidade Potiguar (UnP) na Floriano Peixoto, a comunicação no Brasil e o papel do Estado quanto às emissoras de Rádio e Televisão.
O momento foi dividido em dois: pela manhã, a fase de debate e explanações; à tarde, o momento foi de construção de propostas, as quais serão levadas à Conferência Estadual que ocorrerá até novembro.
Na mesa, com a participação do professor João Emanuel, professor Hudson e Marcones Marinho – sob a mediação do professor Rui Rocha – foi discutido o monopólio nos meios de comunicação, a multiplicidade da mídia, as concessões públicas de rádio e TV, além de uma explanação histórica do surgimento dos meios comunicativos comerciais e assim, o nascimento dos rádiosdifusores.


Vanessa Paula.

terça-feira, 28 de julho de 2009

900 metros de futilidade!

900 metros de pura futilidade.
É! Durante uma volta de caminhada no Parque das Dunas, acompanhei a vida fútil de algumas mulheres. Poderia tê-las ultrapassado, mas preferi escutar 'nada' por cerca de 10 minutos. Nada que se possa tirar algum proveito, pelo menos.
Elas eram 5! Os assuntos foram diversos! Primeiro, viagens! Europa, claro! A partir daí entramos - entraram - num leque gigantesco.
Compras! Ela comprou uma roupa de uma grife francesa - da qual não me lembro, e mesmo que recordasse não me atreveria a tentar escrever por aqui. Paris é a cidade das compras. A empolgação foi tanta que ela não se deu o trabalho de provar aquele pedaço de pano que, provavelmente, custara mais da metade de um salário mínimo. O resultado, é, a roupa não entrou! Mas quem se importa? Foi - tão somente - uma pena não poder usar uma peça daquele estilista famoso.
Jóias! É necessidade um brinco de ouro. Um não - pardon (perdão) - dois! Não ter um par de brincos de ouro amarelo e outro de ouro branco é, sem dúvida, sair nua pelas ruas.
Carros! O do ano e completo, claro. Está humanamente impossível andar em Natal sem um ar condicionado.
Foi pesado. 900 metros de curiosidade, angústia e desgosto.
Naquela hora eu pensei, "pobre" dessas cinco criaturas. Parecem não ter sonhos e nem sequer conhecer a palavra 'agir'... o significado de ir atrás, batalhar.
Eu? Prefiro continuar com minha vidinha de roupas baratas, de caronas, de espera em paradas de ônibus e de pedalas por Natal a me ver assim, fútil, sem perspectivas, sem um futuro cheio de realizações.


Vanessa Paula.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

É impossível imaginar que um ‘personagem’ presente em sua infância vá se perder por um caminho sem volta. A admiração existia, assim como a identificação e o carinho. O que aconteceu com aquele menino que outrora me ensinava a ‘dá mortais’ e se divertia jogando bola? O que o fez seguir sem rumo? Não era fácil. Nunca foi! Mas certamente os destinos eram outros. Recompensadores, seria capaz de apostar.

Penso que tudo isso começou por um desejo de fuga... pela dificuldade de enfrentar situações adversas numa adolescência mal estruturada. E daí pra dependência, é um passo. A sensação de prazer foi enlouquecedora de tal maneira a ponto de transformar aquele menino/moleque num adulto precoce e inconseqüente. O envolvimento com tráfico e a prática de assaltos não demorou a acontecer, e as conseqüências disso são tamanhas, crescendo numa proporção assustadora... quando se percebe, não há mais como sair daquele mundinho fechado. Você é idolatrado e odiado na mesma intensidade e esses sentimentos se confundem... estão presente em um mesmo patamar, no mesmo instante.

A prisão não demorou a fazer parte do seu currículo. O sofrimento de uma mãe que passa por isso é desesperador, e sim, ela é capaz de tudo para tirá-lo dessa situação incômoda. Mesmo que não acredite, ela aposta todas as fichas na recuperação do filho. E não era mesmo para acreditar! Ele lutou, mas era tarde. As drogas entram na corrente sanguínea e atingem o cérebro alterando todo seu equilíbrio. ‘A volta’ já não fazia mais parte da sua vida.

Hoje, nem isso existe mais. Acabaram com a sua vida. Não... ele mesmo acabou!

O sentimento não é de revolta, nem de pena. Não me cabe julgar. Hoje, dia do amigo, quando recebi a notícia dos quatro disparos em sua direção e da morte prematura de um jovem de 21 anos, a única coisa que me ocorreu foi a ‘passagem de um filme’ e a descida de uma lágrima.


Mais uma vítima.

Da sociedade, da desigualdade e das drogas.

Fique em paz!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Respeitável público...

Numa época em que as catástrofes ambientais são a grande preocupação mundial, é fácil introduzir aspectos positivos ao plantio e conservação das árvores. Podemos citar: purificação do ar pela fixação de poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos; melhoria do microclima da cidade, devido à retenção de umidade do solo e do ar e também pela geração de sombra, evitando que os raios solares incidam diretamente sobre as pessoas; redução do impacto das chuvas... Enfim, são ‘enes’ os benefícios trazidos pela preservação ambiental.
Em Assu, a poda de cinco árvores tem sido motivo de grande polêmica. O que vem gerando dúvidas e revolta na população é o ‘por que das podas dos pés de figo?’. Além de, aparentemente, as árvores terem sido podadas de forma errônea (elas foram, na verdade, raspadas) – e as escuras, literalmente, já que os cortes foram feitos na calada da noite - até agora não há explicação plausível para esse incidente. Mais uma vez – assim como em tantas outras questões administrativas – a responsabilidade de atos inconseqüentes como este, está no ‘empurra – empurra’ entre os órgãos competentes. Ao saber do ocorrido em minha cidade natal, resolvi pesquisar um pouco mais sobre o assunto, e fazendo algumas pesquisas na internet, encontrei que infelizmente todas as árvores nos logradouros públicos são propriedade pública e de responsabilidade do município, ou seja, a Prefeitura pode sim ter podado cinco árvores de Assu sem que fosse necessária uma autorização do IBAMA ou IDEMA. Bom, mas isso se estivéssemos tratando de simples podas e de simples árvores. Primeiramente, se tratam de árvores centenárias e exóticas. E segundo, o que aconteceu em Assu é chamado de ‘Poda Drástica’. Isso ocorre quando se remove toda a copa da árvore adulta, ficando apenas os ramos principais com menos de um metro; remove-se um ou mais ramos principais, o que resulta no desequilíbrio irreversível da árvore; remove-se toda a copa de árvores jovens e adultas, restando apenas o tronco. As podas drásticas são permitidas somente em situações de emergência, ou sob a recomendação técnica de um funcionário municipal autorizado.

fonte [da ilustração]: http://dovale.zip.net/

E AGORA? Será que as coisas mudam de figura? Até quando continuarão sem assumir a responsabilidade deste ato? O fato é que a Prefeitura, tendo esse direito ou não, deveria parar para ouvir a população e uma organização ambiental não governamental da cidade, o que poderia evitar polêmicas desnecessárias.
Segundo os comentários da população, as árvores foram ‘raspadas’ para satisfazer a empresa responsável pela a organização/montagem dos festejos juninos. Os boatos giram em torno do ‘posicionamento do palco’ e da ‘localização dos camarotes’. Vejam só, as árvores foram destruídas (é, parei de utilizar eufemismos) para deixar livre o campo de visão para quem estiver nos camarotes que deverão ser montados.
Outro absurdo.
Camarotes? Começou a Era das privatizações na Festa do Padroeiro da Cidade de Assu?
O São João sempre foi caracterizado como uma celebração de cunho popular, na qual todos participam de forma indiscriminada. Há muito tempo que algumas coisas em relação aos festejos vem me incomodando.
De início o incômodo resumia-se a questões de gastos exorbitantes. Nunca entendi o absurdo de dinheiro que é gasto com contratos de apenas bandas no auge do sucesso e nacionalmente conhecidas. Na verdade, entendo sim. A própria população – que sofre em massa de uma espécie de alienação – “exige” isso dos representantes. Entendo, mas não consigo aceitar a atitude dessa massa, a qual parece acreditar que está tudo indo maravilhosamente bem no Município desde que as atrações Juninas tenham a presença de “Forró do Muído, Aviões, Solteirões e companhia”.
- E antes que vocês achem que sou contra a festa de São João, não, não sou. Sei da sua importância religiosa, turística, política, comercial, de lazer... Mas um pouco de bom senso não faz mal a ninguém.
Agora, como se já não bastasse isso, surgem os camarotes e tapumes. Daqui a pouco surgirão os abadás e aí o “carnaval” fica completo.
Foram colocados tapumes (“blocos” de madeira) em frente às residências assuenses. Desrespeito. Desrespeito com os moradores que mantêm os costumes interioranos de sentar na calçada a noite e prosear com seus vizinhos e familiares. Desrespeito com os que, da própria calçada costumavam assistir à missa e prestigiar o festejo como um todo. Burrice. Burrice por bloquear a visão da parte histórica da cidade, dos casarões antigos – que, aliás, se fossem vistos por outro ângulo serviriam para enriquecer o turismo e a cultura do Município.


Vanessa Paula.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Política(gem).

Se pesquisarmos em um dicionário o sentido literal da palavra ‘política’ encontraremos tais significados:
1- Ramo das ciências sociais que trata da organização e do governo dos Estados.
2 - Arte de regular/dirigir as relações entre os Estados.
3 - Princípios políticos; maneira hábil de agir.
No entanto, a política na prática, mostra-se muito mais sórdida e cheia de malícias do que a denotação que lhe é concedida.
A arte da política é de uma imundice tamanha. Chega a fazer asco a alguns. A mim, sinceramente, causa espanto, interesse, vontade de conhecer de perto e certa admiração aos que vivem nesse meio de perspicácia.

/iniciozinho de um desabafo que eu tô com preguiça de escrever da forma imparcial que merece ser escrito.. fica pra outra postagem. :D

sábado, 14 de março de 2009

Nordestina sim sinhô!

Hoje, dia da poesia, tive a oportunidade de assistir a um show de um dos maiores poetas da atualidade. Jessier Quirino, arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção!
Me peguei refletindo um pouco sobre a nossa cultura e sobre a nossa nordestinidade... A cultura popular deve levar o povo a tomar consciência de que a fome dá o direito de reivindcar comida - e entenda fome como quiser.. no seu sentido literal ou de forma metafórica.
Acho que cansei da parte hipócrita e medíocre da sociedade que me diz: "poxa, você é nordestina, tem obrigação de dar valor ao forró". Concordo! Temos mesmo que reconhecer o devido valor dos nossos ritmos nativos, mas até o momento no qual eles abrangem grandes nomes como Luis Gonzaga, Gonzaguinha, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro etc. Coco, forró, baião, xaxado, repente... isso merece, de fato, valorização.
Não me sinto menos nordestina por não ir a uma casa de show compartilhar algo que alguns teimam insistentemente em chamar de música. Não me venha dizer que bandas como Ferro na Boneca, Saia Rodada, Aviões, Solteirões e todos os demais 'ões' possíveis representam o nordestino... aah, e até descobri o nome de mais uma 'banda de forró' hoje pela manhã - "Forrozão tua mãe é minha boy"... e aí de uma coisa eu tive certeza... as pessoas podem ter perdido a admiração pelo que há de bom nessa nossa rica região, mas não perderam a criativade, né?!
Me sinto muito mais nordestina por ter ido ao Beco da Lama hoje, dia 14, assistir a shows de repentistas e a belíssima apresentação de Jessier. Me sinto muito mais nordestina por ir a Ribeira assistir a apresentações da cantora potiguar Krystal cantando Coco. Me sinto muito mais nordestina quando vou a um show de Dominguinhos. Me sinto mil vezes mais nordestina quando teimo em não incluir na minha lista de preferências musicais essa medíocridade que nos cerca.
- Apenas um desabafo!!!
Um motorista cangueiro e um jipe chêi de batata
Um balai de alpercata
Porca gorda no chiqueiro
Um camelô trambiqueiro
Aveloz, lagartixa, bode véio de barbicha
Bisaco de caçador, um vaqueiro aboiador
Um bodegueiro adormecido,
Isso é cagado e cuspido paisagem de interior.
Meninas na cirandinha
Um pula corda e um toca varredeira na fofoca
Uma saca de farinha, cacarejo da galinha
Novena no mês de maio,
Vira-lata e papagaio
Carroça de amolador fachada de toda cor
Um bruguelim desnutrido
Isso é cagado e cuspidopaisagem de interior.
(...)
Jessier Quirino.