segunda-feira, 20 de julho de 2009

É impossível imaginar que um ‘personagem’ presente em sua infância vá se perder por um caminho sem volta. A admiração existia, assim como a identificação e o carinho. O que aconteceu com aquele menino que outrora me ensinava a ‘dá mortais’ e se divertia jogando bola? O que o fez seguir sem rumo? Não era fácil. Nunca foi! Mas certamente os destinos eram outros. Recompensadores, seria capaz de apostar.

Penso que tudo isso começou por um desejo de fuga... pela dificuldade de enfrentar situações adversas numa adolescência mal estruturada. E daí pra dependência, é um passo. A sensação de prazer foi enlouquecedora de tal maneira a ponto de transformar aquele menino/moleque num adulto precoce e inconseqüente. O envolvimento com tráfico e a prática de assaltos não demorou a acontecer, e as conseqüências disso são tamanhas, crescendo numa proporção assustadora... quando se percebe, não há mais como sair daquele mundinho fechado. Você é idolatrado e odiado na mesma intensidade e esses sentimentos se confundem... estão presente em um mesmo patamar, no mesmo instante.

A prisão não demorou a fazer parte do seu currículo. O sofrimento de uma mãe que passa por isso é desesperador, e sim, ela é capaz de tudo para tirá-lo dessa situação incômoda. Mesmo que não acredite, ela aposta todas as fichas na recuperação do filho. E não era mesmo para acreditar! Ele lutou, mas era tarde. As drogas entram na corrente sanguínea e atingem o cérebro alterando todo seu equilíbrio. ‘A volta’ já não fazia mais parte da sua vida.

Hoje, nem isso existe mais. Acabaram com a sua vida. Não... ele mesmo acabou!

O sentimento não é de revolta, nem de pena. Não me cabe julgar. Hoje, dia do amigo, quando recebi a notícia dos quatro disparos em sua direção e da morte prematura de um jovem de 21 anos, a única coisa que me ocorreu foi a ‘passagem de um filme’ e a descida de uma lágrima.


Mais uma vítima.

Da sociedade, da desigualdade e das drogas.

Fique em paz!

Um comentário:

  1. Caramba... que triste... nem tenho o que falar! :/
    .
    É triste quando nossos heróis, referências e companhias crescem (ou nos crescemos), e vemos que o mundo é mais complicado do que imaginamos.

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